O texto a seguir foi extraído do livro
MINHAS MULHERES E MEUS HOMENS,
de Mário Prata, escritor e apaixonado torcedor do Linense,
o glorioso Elefante da Noroeste. O ensejo para publicação
do trecho que reproduzimos vem da enquete sobre o
Milésimo Gol d'Ele (veja ao lado direito da tela).
Pratinha é um cronista fora de série; uma demonstração da imensidade
da sua imaginação criativa nós encontramos
na construção do livro "ROMEU E JULIETA", uma
história de amor que transpira a Sociedade Esportiva Palmeiras.
O livro foi encomendado pela Ediouro, para compor a Coleção "Camisa 13",
com obras que retratam a história, estatísticas e feitos dos clubes
mais populares do Brasil. E não é que Prata fugiu ao convencional
e desenvolveu sua História do Palmeiras a partir de um romance?
A passagem que vocês conhecerão agora traz a sustentaçao fática para
uma das alternativas trazidas na enquete sobre as primeiras palavras
ditas publicamente por Pelé,em seguida à sagração do Milésimo Gol:
ALBERTO PRATA JUNIOR, médico (Bauru, 1954)
Mario Prata
Meu Pai.
Nos anos 50 e 60 foi delegado regional de Saúde, na Noroeste de São Paulo. De Bauru até a barranca do rio Paraná.
De origem humilde, sempre foi muito ligado aos seus funcionários igualmente humildes. Assim era com o rapaz que fazia e servia cafezinho. O nome dele era Dondinho e meu pai sempre dizia pra gente que o tal do Dondinho tinha sido jogador de futebol. E bom.
O servente Dondinho gostava do meu pai como chefe, amigo e, em alguns momentos, conselheiro.
- Doutor Prata, lembra do Waldemar de Brito, aquele que jogava no Palmeiras?
- Grande zagueiro.
- Pois é, doutor. ele está aqui em Bauru, viu uns jogos do meu filho e quer levar ele para treinar em São Paulo. Tá pensando no Palmeiras, no Santos. O que que o senhor acha?
Meu pai nem titubeou:
- Dondinho, pensa um pouco. Dondinho! O menino nem terminou o ginásio. O importante é o estudo. Depois, depois o futebol. Deixa ele terminar o curso dele e, quando ele fizer 18 anos, deixa comigo que eu falo com o Carvalho Pinto, arrumo uma nomeação pra ele aqui na Delegacia. Futuro Garantido.
- Mas o seu Waldemar tá entusiasmado com ele. O menino joga direitinho.
- Bobagem, Dondinho. Futebol não dá camisa para ninguém.
Quatro anos depois do Dondinho não ouvir os bons conselhos do meu pai, fomos um dia a Bauru assistir Santos 7, Noroeste 1. O filho do Dondinho, campeão do mundo, depois do jogo, foi se encontrar com a gente na casa do pai que nos serviu, com maestria, o seu cafezinho.
O filho do Dondinho estava usando uma camisa belíssima.
- É sueca, doutor Prata, disse o Pelé.
E deu a usada no jogo para o meu irmão Leonel que perdeu a fala e fez cocô nas calças.
ILUSTRAÇÃO: A FAMÍLIA DO SEU DONDINHO
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